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Fragmento de fim do ano

No lado esquerdo do rosto, uma gota de suor revelou a tensão inicial. O dia foi parecendo mais quente enquanto caminhavam em direção à mesa. Aos poucos, a nova camisa de gola pólo, recém comprada para o encontro, foi sendo banhada pela transpiração. Antes de se aproximarem do grupo, ele disparou:

- Não era um encontro de poucos amigos?

Ela aguardava a pergunta.

- Sim, e é. 10 ou 15 pessoas. Fique calmo.

Muitos sorrisos e acenos, e logo todos estavam em seus lugares. Um grupo de um lado, outro de outro. Os mesmos de sempre. As pessoas não se davam tão bem dentro da empresa. Ele remexia os bolsos mas não estava lá o assunto que procurava para puxar conversa. Acendeu um cigarro e tentou manter a aparência afável. Após alguns drinques, todos tinham muito a dizer. A roda aumentou. Mais drinques. Foi o último a largar a mesa, sem lembrar muito bem o que andaram conversando nas últimas horas.

Desorganização financeira

Moedas e mais moedas, espalhadas por todo o quarto. Quando será que começou o costume de manter dinheiro jogado pela casa? Não sei. Mas quem se embrenha no meu pequeno mundo de quatro paredes, certamente se surpreende com o fato. Desapego ou bagunça? Desorganização, pura e simplesmente.

Mas o final do ano está aí, e é preciso somar o montante. E então, meus caros, surge a preocupação. Quando não temos a noção do dinheiro que possuímos, a felicidade é maior. Quando a soma é menor do que esperávamos, os gastos aumentam e as dívidas batem à porta, prontas a nos enforcarem.

É, mas a virada do ano surge para resolver o problema: hora de prometer as mudanças de sempre. Mudanças que, claro, não faremos.